terça-feira, 26 de agosto de 2014

Israelense lidera busca da cura do Ebola

O virologista israelense, Dr. Leslie Lobel, e sua equipe da Universidade de Ben-Gurion, estão se aproximando do que seria uma vacina e tratamento de coquetéis para o Ebola. Porém antes de nos aprofundarmos nas pesquisas de Lobel, vamos entender primeiro o que é o Ebola.

O que é o Ebola?
O Ebola é uma doença das mais mortais do mundo e é transmitida com muita facilidade, principalmente em países onde implementar um sistema de quarentena para os pacientes é difícil. E com isso, evitar que a doença se espalhe é praticamente impossível. A transmissão do vírus é realizada através do contato direto com fluidos do portador do vírus.

Ilustração do Vírus Ebola (Crédito: Maclean's)

Os sintomas, normalmente, aparecem depois de dez dias de contato com o vírus. Os sintomas iniciais são semelhantes ao de uma gripe comum, como dor de cabeça, dor nos músculos e febre; porém em boa parte dos casos, o paciente apresenta hemorragias leves. A próxima fase da doença é mais agressiva, os vasos sanguíneos dilatam e começam a perder fluidos. Hemorragias se intensificam e o paciente perde sangue pelos olhos, ouvidos, nariz, boca, ânus e até mesmo pelos poros da pele. Crises de vômitos e diarréia também aparecem desidratando ainda mais o paciente. A pressão sanguínea cai muito acarretando o danificamento generalizado dos órgãos internos. A pele, então, apresenta coágulos e bolhas de sangue, por isso o nome da doença é Ebola.

O paciente possui noventa por cento de chances de morrer já nas primeiras semanas de contágio. Os países africanos Serra Leoa, Guiné, Libéria e Nigéria são os países que atualmente mais sofrem com a epidemia da doença. O clima quente desses países propicia a proliferação de morcegos, onde estudiosos acreditam serem os hospedeiros do vírus. Além disso, as péssimas condições de higiene e sociedades com cultura tribal fazem com que um portador da doença rapidamente a transmita para a população local. Os mortos de Ebola muitas vezes são abandonados nas ruas, pois as pessoas temem removê-los e se contagiar. Além disso, em lugares que a epidemia atinge, os moradores fogem para outras localidades com medo de contrair a doença, alastrando ainda mais o vírus. 

O vírus foi primeiramente identificado em 1976 no antigo Zaire, hoje República Democrática do Congo, por Peter Piot, diretor de uma organização que estudava o vírus da AIDS em países africanos. Piot também descobriu os primeiros sintomas da doença e sua forma de contágio, depois de visitar por diversas vezes pacientes com Ebola e acompanhar o desenvolvimento da doença. 

Em Busca da Cura
A pesquisa de Lobel é baseada em mais de dez anos analisando o sangue de pacientes que sobreviveram ao vírus em Uganda, África. Após a coleta do sangue, Lobel e sua equipe estudam as amostras em laboratórios de ponta da Universidade de Ben-Gurion em Israel.



Dr. Leslie Lobel em seu laboratório na Universidade

de Ben-Gurion (Crédito: Flicker)


A ideia de Lobel é desenvolver uma vacina baseada nos anticorpos destes pacientes e que possa rapidamente ser assimilada pelo sistema imunológico humano oferecendo, portanto, condições de combater o vírus já em seu estágio inicial de contágio.

Lobel estuda centenas de pacientes que sobreviveram ao vírus em Uganda. Ele disse ao jornal Times of Israel que demorou anos para conseguir a confiança dos pacientes porque, segundo os Ugandeses, os médicos são vistos como os principais responsáveis por trazer e espalhar as doenças.

Ele acrescentou, ainda, que "enquanto no Ocidente quem vence uma doença mortal é abençoado, na Uganda quem sobrevive ao Ebola é amaldiçoado", o que dificulta em muito em conseguir pessoas para auxiliá-lo em suas pesquisas. A epidemia atual que afeta o oeste da África atingiu uma população desprovida dos meios de efetivamente isolar os contagiados, intensificando o alastramento do vírus.

Infelizmente ainda não há cura para o Ebola. Porém Lobel e sua equipe estão muito próximos da vacina e do tratamento da doença. Espera-se que já nos próximos anos a vacina e o tratamento do Ebola seja possível. O mundo e milhares de Africanos depositam em Lobel suas únicas esperanças e aguardam ansiosamente o momento em que Ebola seja somente um terror do passado.



Por: Daniel Rabetti,

Daniel é professor assistente na Interdisciplinary Center Herzliya e escreve para os jornais The Jerusalem Post e Times of Israel. Alguns de seus artigos foram publicados em blogs, revistas e jornais de grande circulação em Israel e no Brasil.



Referências: 
1)  http://www.jpost.com/Enviro-Tech/Israeli-Ebola-researcher-unique-in-learning-how-some-victims-survive-370044
2) http://www.timesofisrael.com/israeli-scientist-leads-search-for-ebola-cure/
3) http://www.haaretz.com/life/science-medicine/.premium-1.609526

1 comentário:

  1. Excelente artigo Daniel!! Tomara que a cura chegue logo.
    E veja que buscando a cura para uma doença típica de regiões pobres o interesse do pesquisador não é dinheiro, mas apenas o bem da humanidade.
    Claro que países da África não poderão pagar pela vacina, e o Dr. Lobel sabe disso.
    Pena que isso não serve de lição para outros povos e etnias.
    Edgard.

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