terça-feira, 5 de agosto de 2014

Um trio da pesada: Israel, Egíto e Arábia Saudita

O presente conflito entre Israel e Hamas, em Gaza, pôde demonstrar uma nova postura em como importantes membros do mundo Árabe enxergam as atitudes do Hamas. Diferentemente de outros conflitos, desta vez, Egíto e Arábia Saudita assistiram calados as incursões Israelenses em Gaza, dando sinais de apoio à Israel contra o regime radical islâmico do Hamas. 

O Egíto, que historicamente intermediou tratados de paz entre os dois lados, não só, publicamente, se manifestou contra o Hamas - em duras queixas sobre a utilização de locais civis para lançar foguetes contra Israel - como, também, destruiu os túneis de contrabando que ligavam Gaza ao Sinai. Não obstante, foi o primeiro país da região a intermediar e oferecer um tratado de cessar-fogo, na qual o Hamas acusou de favorecer somente o lado Israelense. 


Exército Egípcio destruindo túneis Gaza-Sinai

Obviamente, o Egíto quer se ver livre de qualquer influência que a Irmandade Muçulmana possa ter na região - na qual o Hamas faz parte. A Primavera Árabe trouxe consequências pesadas de um levante radical islâmico no Egíto. A chegada ao poder por Mohamed Morsi em 2012, membro da Irmandade Muçulmana, trouxe um período conturbado à sociedade Egípcia.

Em 2013, o comando militar Egípcio deu um golpe de estado. Reaproximou os laços diplomáticos com os EUA e expulsou os membros da Irmandade Muçulmana de Cairo. O Egíto de hoje pode ser considerado amigo de Israel. Se alia com outros países sunitas do Golfo, como a Arábia Saudita, na luta contra grupos radicais islâmicos.

Além do Egíto, a Arábia Saudita mostra grande interesse em deixar Israel agir e enfraquecer o Hamas e a Jihad Islâmica em Gaza. Porém a Arábia Saudita tem interesses maiores. Eles torcem para que futuramente Israel volte seu foco ao Hezbollah no Líbano. E quem sabe, ao Irã.

Há também um sentimento, de que, se os EUA, por incrível que pareça, se distanciar do Oriente Médio, o Irã possa assumir um papel político mais forte e influente. Então, a possível aliança entre Egíto, Israel e Arábia Saudita, teria enorme impacto político, militar e económico na região, visto que a Síria perdeu sua influência devido a atual guerra civil e o Iraque foi totalmente segmentado.

Para os governantes Israelenses, a guerra contra o Hamas é mais profunda do que se aparenta. Se os alinhamentos de interesses acima se concretizarem, Israel acabara de ganhar dois aliados de peso no Oriente Médio. Por fim, alguns dos jogadores ocultos começam a emergir neste mar de conflitos estratégicos do Oriente Médio, e nos mostra que, a guerra Israel-Hamas, vai muito mais além do que um simples conflito de fronteira.

Por Daniel Rabetti,
Formado em Administração de Empresas com especialização em Finanças,
Professor Assistente na Inderdiciplinary Center Herzliya, Israel,
Vive em Petah Tikva, Israel, desde 2009

2 comentários:

  1. Daniel.

    Muito bom o artigo. A Jordânia também é um pais que está alinhado com Israel e o Egipto contra o terrorismo. No entanto nenhum pais arabe é confiavel. Se eles pudessem não ter grupos terroristas e não ter Israel próximo eles trabalhariam pra isso. É de lembrar que jordania e egipto só se tornaram aliados de israel porque cansaram de perder batalhas :D Já conversei com varios arabes e muculmanos moderados, e nenhum deles simpatizam com Israel. Eles podem até odiar os terroristas, mas também não morrem de amores pelo povo hebreu :D

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    1. A grande questão se encontra nos interesses por detrás de grupos radicais islâmicos. Não fosse a participação de outros países no fortalecimento armamentista e político destes grupos, algumas situações da atualidade seriam bem diferentes.

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